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Alma de Hygge

O Hygge é um estilo de vida dinamarquês que define uma chave para a felicidade. Este blog é o culminar dessa filosofia com os fatores que para mim contribuem para ela. Ou seja, é a minha Alma Hygge!

Alma de Hygge

O Hygge é um estilo de vida dinamarquês que define uma chave para a felicidade. Este blog é o culminar dessa filosofia com os fatores que para mim contribuem para ela. Ou seja, é a minha Alma Hygge!

Desabafo de uma jovem que enfrenta a doença aflitiva da atualidade, a ansiedade.

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Bem, hoje trago-vos um tema cada vez mais abordado nos dias que correm. A população atual vive de ansiedade, de ataques de pânico, de depressão, de fobias e de medos. Este estado depressivo, ansioso e triste é um flagelo cada vez mais patente, até nas crianças. A ansiedade é terrívelmente frequente! E acreditem que não deve ser nada fácil viver constantemente num estado psíquico de apreensão ou medo provocado pela antecipação de uma situação desagradável ou perigosa. E não, não são pessoas fracas e por isso sofrem desta "maluquice", como muitos a chamam. São pessoas fortissímas e não escolheram ter esta doença. Ninguém a escolhe e todos estamos susceptíveis a ela. Mas acreditem que é possível superá-la e ter uma vida normal. É uma superação diária e persistente. Até pode ser com altos e baixos, mas ao fim e ao cabo, todos os temos.
Posso-vos adiantar, que para além do testemunho que vos apresento aqui hoje da blogger e minha amiga Catarina Gomes, nos próximos dias serão publicados interessantes artigos que vão abordar também esta temática. Fiquem atentos!


Testemunho de quem vive com o medo:


"Toda a gente já se sentiu em pânico, com medo, com um stress tão grande que quase que achava que ia explodir com raiva. Já toda a gente se sentiu confusa, desorientada, perdida. Mas um dia ou outro é uma coisa, sempre, a toda a hora, isto já é outra história.
Os meus ataques começaram quando tinha 15/16 anos. No início não liguei e os adultos muito menos. Era adolescente, logo a culpa era das hormonas. Os anos foram passando, os ataques foram crescendo e ficando maiores e menos espaçados e os que outrora diziam que não era nada, começaram a dizer que era alguma coisa. Não liguei. Eu doente da cabeça? Jamais !
Mentia a mim mesma na esperança de acordar e de ter passado. Isso nunca aconteceu, até porque eram raras as noites em que passava as 3h de sono. Os pesadelos apoderavam-se de mim, noite após noite e cheguei ao ponto de ter medo de adormecer. Não só pelos pesadelos, mas pelo pesadelo que era saber que no dia seguinte todo aquele medo e ansiedade me iam perseguir outra vez e iam ser ainda piores que o dia antes. O pânico passou das coisas pequenas para tudo. Eu que adorava ir ao shopping, comecei a ganhar medo, eram muitas pessoas num lugar só. A minha carta de condução está quase por usar porque o medo e o pânico não me deixam sequer sentar no banco do condutor. Adoro o meu ginásio, o café que mais frequento, mas somente quando estão vazios. Só me sinto segura com as minhas pessoas e em poucos sítios, mas demorei muito tempo até admitir que precisava de ajuda e que estava doente. Fazia os meus amigos e a minha família rirem imenso na esperança que o riso deles me melhorasse, mas não ajudava em nada, só me deixava mais infeliz. Tenho medo de tudo, até tenho medo do medo, da minha sombra, de mim, das minhas pessoas e ainda mais das que não conheço. Quero visitar novos lugares e conhecer novas pessoas, mas depois penso no assunto e começo a tremer, fico gelada até aos ossos, começo a ficar sem ar e a sentir tudo a desabar. Tudo em mim é motivo para pensar tanto até o cérebro explodir. Eu não descanso. O meu cérebro trabalha 24h por dia, a pensar e a analisar todos os detalhes, todas as coisas, do mais ridículo ao mais sério. Penso demasiado, guardo demasiado, e ando sempre exausta. Não consigo dizer-vos as horas que passei a implorar para que tudo acabasse. Também não vos consigo dizer a luta que era para sair de casa, ficava mais de 1h a olhar para a porta às vezes a tentar ganhar coragem. Só ando na rua a ouvir música ou com as minhas pessoas e mesmo assim o pânico e a ansiedade estão sempre presentes. Tudo tem de ser controlado por mim, o que não for mata-me. O meu dia tem de ser todo esquematizado porque de outra forma não me sinto bem. E quanto aos ataques de raiva, são tão maus que já tentei bater à minha mãe mais que uma vez e destruo tudo aquilo que tenho à minha frente. Para além dos ataques, tenho uma doença auto-imune que retira de mim todo o controlo que tenho sobre o meu corpo e em que o stress me provoca dores tão grandes que nem as drogas milagrosas do hospital me ajudam.
É difícil relatar o que sinto nos meus ataques de pânico, raiva e ansiedade, mas é uma dor imensa. Depois de um ataque, tudo me dói e fico ainda mais esgotada. Sinto o peso do mundo a todos os minutos do dia e todos os dias imploro para os meus pensamentos me deixarem em paz, porque torna-se mesmo muito difícil de aguentar. Agora aceitei ajuda e estou a ser medicada. Estou em casa a ser muito mimada pelas pessoas que me amam e que eu tanto amo e que compreendem as doenças que tenho. Estou em casa a tratar de mim e a recompor-me, porque o buraco negro onde me meti é tão grande que às vezes é difícil sair do fundo do túnel.
É difícil de explicar o que uma pessoa com a minha doença sente, mais difícil ainda é a nossa sociedade aceitar-nos. Já sentiste o teu mundo desabar pelo menos uma vez na tua vida, não já? Agora imagina o que é sentir isso a cada segundo, todos os dias. É assim que uma pessoa com ataques de pânico e de ansiedade se sente."

A Catarina Gomes contou-nos a sua história. E desde já, lhe faço o meu agradecimento público. Não é para todos partilhar algo tão íntimo e que infelizmente nos dias de hoje é criticado. E acreditem que é íntimo! Porque quem vê a Catarina, vê uma menina sorridente, mas isso deve-se à auto-defesa que ela criou!
As pessoas, que tal como a Catarina Gomes vivem com ataques de pânico e de ansiedade e que estejam a ler este desabafo, vão reparar que não estão sozinhas. E quem nunca vivenciou tal doença, ou nunca assistiu, ou nem tem noção do que se trata, vai perceber melhor em que consiste este mal.

Vão gostar de conhecer melhor a Catarina e ver também o seu blog:

Intagram: @catarinaslgomes

Facebook: @lumosbycat

Blog: Lumos